sábado, 16 de maio de 2009

Regresso

Estou num dilema. Durmo ou não. Faço directa ou não.

Vim agora de uma saída à noite, com os meus colegas tugas. Eles ficam mas eu vou-me embora hoje. Tenho que sair do hotel daqui a 2 horas. Tenho um avião para apanhar para a minha querida terrinha e ainda estou um pouco tonto da pouca bebida que bebi (pois, é fácil...). Fui a um jantar onde comi pela primeira vez, que não no hotel, bacalhau. Depois foi só curtir a música no Chill Out. Não sei porque mas aqui consigo gostar mais da música e do ambiente do que em Lisboa. O facto de ser ao ar livre e ao lado da praia deve ajudar. Quem me dera ter aqui comigo as pessoas de quem gosto para partilhar com elas um pouco deste momento...

Bem... se calhar vou só passar pelo sono.

Até já... em Portugal.

domingo, 10 de maio de 2009

Marx vs Angola

Já passou uma semana desde que escrevi pela última vez. Não tenho tido vontade de escrever. Tenho andado completamente empenhado em curar as minhas maleitas que surgiram na semana que findou. Sim, mais doenças. Esta viagem tem tido o seu qb de doenças. Nunca me tinha acontecido.

Ora bem, na 3ª foi um belo de um caril de frango que me arruinou o sistema todo. Tinha que ser comida oriental... Nem a pesadíssima cozinha angolana alguma vez me afectou. Antes disso, no Domingo, acordei com uma valente dor de garganta (acho que foi por ter levado com o ar condicionado do carro depois de vir ainda quente da pista de dança do Chill Out - ah pois, grande noite de música house). Na 4ª, a "chega-te para lá" febre tomou as rédeas dos meus sintomas e levou-me à clínica de saúde Sagrada Esperança na 5ª. É uma clínica privada que é conceituada aqui, dada a sua origem: foi a Endiama, empresa de diamantes de Angola, que a fundou. Antes para os funcionários, agora para quem tem dinheiro ou para quem trabalha nas empresas que têm acordos com ela. E eu sou um desses espécimes, que tem esse benefício quando aqui estou desterrado. Mas, como é óbvio, tinha que acontecer algo que me fizesse ir aos arames. Depois de me ter identificado, com todos os cartões que tinha ao meu dipôr para provar a que empresa pertenço, diziam que não constava na lista dos funcionários. Ai o c....!! "Desculpe, mas não o podemos atender se não for o senhor a pagar", disseram-me (e eu, de repente, vi a minha conta bancária a ir a zeros em 4 segundos... mas depois recompus-me). "Então se até os meus colegas consultores que são externos à empresa vêm aqui e são atendidos, como é que eu, que faço parte dos quadros, não posso ser atendido?", ripostei. Mas depois lá me atenderam. Que falta de informação/formação que ainda existe em sectores públicos onde se paga uma pipa da massa! Enfim. Ah, fiz análises ao sangue, coisa que nunca pensei em fazer num país do terceiro mundo, já que a relação que tenho com as seringas, injecções e derivados, não é lá muito famosa. Mas correu lindamente. Portei-me como um homenzinho, sem antes lançar a habitual "bjarda" para pôr pressão no enfermeiro "Não gosto lá muito disto.", porque caso corresse mal, poderia sempre dizer "Eu avisei.". Tão simples quanto isto. Não é másculo? Pois, mas quero lá saber. Escusado será dizer que demorou bastante mas como estou habituado ao hospital S.Bernado de Setúbal...



Há coisa que me irritam aqui. Deve ser a 78ª vez que digo isto aqui. Uma delas é ter que pagar 21 USD por uma sandwish... fria de perú e não sei quê (ah, e umas quantas batatas fritas de pacote, metade queimadas). Só aqui! Se calhar no Zimbabwé também deve ser engraçado... com aquela taxa de inflação de 3 ou 4 dígitos...

Outra coisa é este país/governos equiparar o petróleo ao pão (nem sei se a água é) porque são ambos bens de primeira necessidade. Primeira!! Os combustíveis não são taxados aqui. E depois andam a pedir dinheiro emprestado à China, em troco de petróleo e de mão de obra (são mais chineses que portugueses...quase) que consiga erguer os edifícios gigantes de escritórios no centro de Luanda, cujos futuros funcionários não vão ter sítio para estacionar o carro porque... não há simplesmente parques nem mais um espacinho para tal. Caos! A polícia lançou agora um novo código da estrada, distribuindo uma lista de infrações e respectivas multas. O valor mais baixo é 65000 KWZ, ou seja, 650 € para quem não tenha a pala do sol colocada. É óbvio que quem se vai safar bem são os polícias que já vão poder comprar as televisões e coisas parecidas à pala das "gasosas". Vão multar os candongueiros que não estiverem legais (qual é que está?!qual é a lei para estes "taxis" sem lei?!) e estes têm que ter cintos em todos os assentos. É que não estão a ver bem. Aquelas carrinhas são umas autênticas camionetas apinhadas de gente. É apenas uma carcaça de metal, 4 rotas, 1 volante, 3 pedais (não sei se têm o travão) e a manete da mudanças e.... 15 pessoas lá dentro na boa (pronto, também tem assentos para 8 pessoas). Resultado, muitos (muito mesmo) tiveram que parar, as pessoas têm que arranjar alternativas de transporte, já que este era/é o transporte do povo para todo o lado, inclusíve para os empregos. Alternativas.... autocarros que só se vêm quando rei faz anos? Não percebo este pensamento completamente anti-social. Primeiro tiram-se as coisas às pessoas, depois, um dia quem sabe, pensa-se em solucionar o problema criado pela primeira medida.

Outra história deste país. Tenho colegas que moram nos arredores de Luanda que se levantam às 4h da manhã para estarem no emprego a horas. Vêm de carro e se se levantarem 1 horas que seja mais tarde já vão chegar tarde. O trânsito que vem de fora de Luanda para a cidade é absurdo. São filas de 3 horas todos os dias. E a multidão que faz isto todos os dias. O meu motorista, rapaz novo, depois de me deixar depois do trabalho, se for às 19/20h, diz que já vai chegar perto das 23h a casa. Depois levanta-se às 4. Todos os dias. Como milhares de pessoas que moram fora de Luanda. Na minha viagem para cá, ainda era de noite quando aterrei. Lá de cima via-se uma linha de luzes amarelas de dezenas de quilómetros para fora da cidade. Incrivelmente assustador. Ao início pensava que era iluminação da estrada. Mas eram carros.

Fogo, já é tarde e já escrevi tanto! Entusiasmei-me. Ainda me esquecia das coisas e assim está aqui tudo :) Já agora, uma amostra de uma zona fora da cidade nestas fotos do ano passado, numa saída minha para o terreno em trabalho.


E este fim de semana já acabou... estive a trabalhar e a recuperar. E passou tão depressa. E assim entro na minha última semana por estas bandas.