domingo, 26 de abril de 2009

Tic Tac Tic Tac

O tempo aqui passa rápido. Rápido demais para tudo o que tenho ou gostaria de fazer. Parece que este sentimento corre atrás de mim. Passa muito rápido, rápido demais. Por outro lado, as coisas neste país correm a uma velocidade incrivelmente... lenta. E isto afecta-me, atrasa-me... irrita-me!

Ando muito irritadiço. Porque será?

Vinha aqui partilhar umas fotos. Já nem me lembro quais eram... vou procurar. Só um instante.

No outro post falei sobre o meu quarto e tal... aqui está uma amostra. Esta cama é divinal. A net é horrível. Ainda é mais lenta que os modens de 56kbps... aqueles que faziam a som irritante "triiiiii truuuuuu triiiii trrruuuuuuu" etc etc. Conseguem imaginar coisa mais lenta que isto? Pois...


A vista para a baía foi esta, da foto seguinte. Foi porque era a do quarto onde estava antes de mudar. Agora, já não é bem assim.


Lá ao fundo a famosa ilha. Era uma ilha mas os portugueses fizeram uma pequena ponte que agora a liga ao continente. É lá que está a maioria dos restarante caros e onde se come melhor. Ainda hoje fui lá, à praia do bar/restaurante Caribe. Estava apinhado de gente (de todas as cores). Um raio de um bitoque, um miserável bitoque e um sumo natural de ananás custou-me 40USD!! Mas a quantidade de pessoas que lá estavam a comer à grande... enfim... por mais vezes que aqui venha ainda não me habituei a isto. Ainda no outro dia, depois das chuvas enormes que aqui ocorreram e de tempestades no mar, muitas casas da ilha foram invadidas pela força do mar. O que é que fizeram para ajudar as pessoas? Toca a tirar os bulldozers da garagem e a demolir o que ainda resta para que não exista a menor dúvida que já não se pode ali morar, nem mesmo depois de uma pequena molha. Resultado: famílias desalojadas sem dó nem piedade. Tudo bem se me disserem que têm que requalificar a zona (porque precisa mesmo... muita miséria e fica mal aos olhos dos investidores etc etc). Ficaram sem casa, mais pela demolição do que pelas chuvas e ondas do mar. E onde é que essas famílias foram parar? Isso agora não interessa nada, o que interessa é o projecto urbanistico (LOL) que está em curso pelo (pouco corrupto) governo para essa zona "nobre" de Luanda. Casas ou bairro social? O que é isso? Dá dinheiro? Não. Então não quero. Hoje passei por lá e é só entulho. Outra questão pertinente. Quando é que agora vão tirar de lá esse lixo resultante da demolição? Opah, isso dá muito trabalho... aposto que ainda lá estará quando eu voltar novamente a Angola. Estou sem fé neste país.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Take it to the next level

Só queria partilhar este vídeo convosco. O realizador é Guy Rithie. Isto é que é mesmo elevar a publicidade a outro nível.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Primeira Semana

Depois de uma semana da minha terceira temporada em Angola, vou aqui fazer um pequeno balanço. Além de ter estado doente toda a semana (ricos fim de semanas a vegetar no hotel... nada melhor para curar seja o que for... pronto, ok, também tomei alguns drunfs), ainda tive alguns contratempos. Pode não parecer mas estar num país destes com a saúde um pouco frágil não nos deixa muito contentes.

(foto tirada a partir do restaurante Cais de 4 para a baía de Luanda)

Em primeiro lugar, o hotel (não se deixem enganar pelas fotos nem pelas 4* nem pela diária de 400 e tal USD). Este maravilhoso antro de business man, técnicos e engenheiros (e pessoal da TAP) portugueses ou angolanos barrigudos. Homens. Só homens (faz-me lembrar o meu curso no Técnico, não sei porquê...). Quando cá cheguei disseram-me logo que só tinha reserva no dia seguinte, ou seja, nessa dia à tarde porque cheguei de manhã e por isso só podia ir para o quarto a partir das 14h. Que bom, vou poder fazer directa e meia! Mas depois lá me arranjou uma maneira de ficar num quarto mais cedo. Uff...

Depois ao fim do dia quando decido tirar as coisas da mala e vou colocar os objectos mais cobiçados no cofre, vejo que este não fecha. Humm.... está a começar bem, pensei eu. Tudo bem. Eu bem tento, sem sucesso, carregar com toda a minha força no botão que manda fechar o cofre e nada. No dia seguinte , depois de muito insistir com a recepção, vem um electricista e troca-me o teclado do cofre. Vá lá. E ainda lhe dei algumas amêndoas de chocolate branco que trouxe de Portugal. No Sábado à noite estraga-se o ar condicionado. Nem ligava. Ok. Next room! Lá tenho eu que mudar de quarto. Uma coisa alegrou-me. O quarto que me atribuiram tem cama de casal. King size! Maravilha! Lá tive eu que levar as coisas na mão e descer um andar para o meu novo aposento. Um funcionário ajudou-me e ainda lhe dei uma gasosa de 100 Kwanzas. Mas... hoje vieram ao meu quarto arranjar também o ar condicionado porque não estava a enviar ar frio. Parecia uma ventoinha... Mas para que eles cá viessem arranjar... ui.... se se pagasse os telefonemas dos quartos para a recepção já tinha gasto uma fortuna. Mas lá arranjaram. Agora já posso ficar constipado se me apetecer :p Ah, também tive que corrigir 2 vezes o regime de alojamento que tinham inserido para mim no sistema, porque estava mal. Ah, e fui ver a conta corrente do meu quarto e tinham jantado por mim. Duas vezes! Que paciência...

Segundo. O trabalho. Fogo, é aqui que mostro a verdadeira raça e poderio tuga no que toca ao trabalho! É só para os brasucas verem quem é que domina :p Tenho estado completamente ocupado, tenho tanta coisa em mâos... um dos colegas que está há mais tempo no projecto e que tem mais tarefas foi de férias e para a semana vai outro. Ui, vai ser tão bom...

Outra coisa: os comentários no blog e os mails que me têm enviado têm-me dado muita força nesta minha viagem. São estas pequenas coisas que dão sabor à vida. Sinto que apesar de viajar e de estar longe de casa e de todos, estou perto dos seus corações. Sabe bem.

(rua de caminho para o escritório, rua Rainha Jinga, onde exite uma loja Hugo Boss)
Mais uma historinha para dar a conhecer o tamanho do buffer de certas e determinadas pessoas: no outro dia fui jantar com 2 colegas meus. Escolhemos duas pizzas. Fizemos o pedido. Depois de algum tempo vieram-nos perguntar quais as pizzas que tínhamos pedido. Lá dissemos. Depois de algum tempo, vieram-nos perguntar qual tinha sido a 2ª pizza (!). Depois lá vieram as pizzas. Uma estava certa (50% de eficácia). A outra que tínhamos pedido... começou naquele instante a ser feita :)


sábado, 18 de abril de 2009

Hora de dormir

Vim da minha primeira saída à noite em Luanda sem motorista. Fui jantar com uns colegas meus que têm carro aqui. Fomos à "ilha". Pacífico, excepto o estacionamento. Estacionar no centro de Lisboa é para meninos.

Soube bem mas... parece que nada preenche este sentimento de vazio. Talvez pela saudades de outros colegas, amigos, que estiverem comigo neste projecto e nesta cidade noutras ocasiões. Talvez pela nostalgia dos tempos passados. Talvez por sentir que as pessoas, cada vez mais se fecham em si mesmas, não deixam criar laços de amizade porque têm medo de se abrir, como se isso invadisse o seu espaço, a sua vida, a sua organização. Como se isso não fizesse parte da vida... Talvez porque... temos medo de sermos magoados... como se isto não fizesse parte da vida.

Fala-se por Skype, Messenger, SMS, por email, diz-se o que se está a fazer neste preciso momento no Twitter, diz-se por onde se anda no Facebook, colocam-se umas fotos no HI5, comunica-se usando o teclado, olhamos para quem gostamos através de um ecrã. Quando se pára e se pensa nisto... E o cara-a-cara, o olhar nos olhos, o sentir a outra pessoa, o abraçar (será que ainda sabemos como o fazer?). As pessoas começaram a viajar mais, a terem cada vez mais a presença da distância dos outros na sua rotina. Habituaram-se a estar longe, sozinhas. Será isto que me afecta? E as pessoas, de facto, desiludem... Não encaixo, não sou compreendido ou não me compreendo. Sinto-me como uma criança perdida num centro comercial, a olhar para todo o lado e a não encontrar os pais, o seu ponto de referência, o seu norte. Será que sou eu? Serei o único a pensar nisto, assim? Sinto-me estranho e não sei bem porquê. Se calhar com um ou dois shots isto passava-me, quem sabe.

Relembraram-me à muito pouco tempo que por mais longe e por mais tempo que esteja afastado de um amigo, ele continuará sempre a estar presente para mim e ele saberá sempre que eu estarei sempre para ele. É verdade, mas quando? Quando é que vamos ter com ele? Se é assim porque não há mais presença? O tempo não pode ser desculpa para tudo... não deve.

Bem, já chega, já mal consigo mantêr os olhos abertos.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Promeça cumprida

Não, não prometi deixar crescer a barba até a equipa de Portugal marcar golos, como o nosso seleccionador. Prometi sim, no post sobre a minha viagem a Madrid em trabalho, que publicaria aqui uma amostra das fotos dos meus passeios por aquela cidade boémia. Foram tiradas no fim de semana que lá passei e também de noite, depois de uma saída para jantar (onde a minha carteira ficou substancialmente mais leve) e numa outra saída à noite que aconteceu de propósito para tirar fotos ao Templo de Debod. Popei-vos das minha fotos de mim próprio senão depois chateavam-me a pedir autógrafos e sessões fotográficas e agora não me apetece.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Página do doentinho

Não queria escrever hoje. Queria aguardar pelas minha melhoras para ter mais disposição para deixar aqui umas coisas, neste estaminé (quase) abandonado.

Mas agora é que é a hora! Obrigo-me a escrever. Para o bem da humanidade.

Pois é, estou de regresso à "nossa" Luanda. Que coisa bonita, que cheiros agradáveis, que... pachorra que eu tenho para me vir aqui meter. Onde eu tinha a cabeça quando disse que sim à directa e asfixiante pergunta "Então e 2 meses em Angola? Sim ou Não? Sim ou Não?". E cá estou eu... novamente. Corro o sério risco de perder o casamento de um dos meus melhores amigos por causa desta viagem. E, se houver azar, ainda perco o batizado da minha prima que, só assim por acaso, como quem não quer a coisa, irá ser minha afilhada. Pois, vou ser tcham tcham tcham tcham The Godfather.

O meu regresso não foi muito famoso. No domingo, dia da minha viagem de 7 horas e tal, tive que ir ao médico em Portugal (porque tinha que vir para este lado... porque depois teria que ir aqui e..tá quieto!). Tenho uma faringite que me está a custar curar mesmo com antibiótico. Tem dado comigo em doido mas parece que já está a melhorar. Além disso, esta porra de medicamente teve em mim um efeito secundário lixado. Ocultanto certas partes para as crianças mais sensíveis, tenho evitado a fibra para que... ok, acho que se percebe. Mas de facto, o regime (uau, já estou a falar à brasileiro) que me tenho imposto, a pão, água e arrozinho branco, tem-me ajudado muito. É engraçado quando se fala sobre estes sintomas a alguém. Nunca se chega a chamar o nome às coisas, é só "Ah e tal, estou mal-disposto", "Dói-me a barriga" etc etc.... por um lado percebo que é um pouco embaraçoso mas por outro lado, fogo, é normal raios! É como quando se sai da casa de banho na empresa e depois está logo um colega quando de lá saímos. Ou esperamos o silêncio, ou o desconversar ("Hoje está fresquinho") ou "Eh, então, foste cagar?" como no outro dia. O que se responde a esta pessoa? Tenho muitas ideias bardajonas que não vale a pena partilhar neste momento. Ou vale? Humm... não. Apenas porque agora tenho uma bruta enxaqueca. Mais vale me darem a reforma dado o meu indiscutível estado de decomposição. Decadência. Ainda me queriam levar à Dona Mulema... para tirar este azar que trouxe de Portugal mas "ehhh, não vale a pena, deixa lá isso".

Desta vez trouxe a minha máquina fotográfica. No outro dia um colega foi preso por estar a tirar fotos. Teve que dar, durante o percurso até à cadeia, uma "gasosa" para que o libertassem. Nada que uns belos 100 USD não resolvam. Ele não disse para onde estava a apontar a câmara...