É a minha segunda vez em Luanda. Tem sido uma experiência engraçada. Lembro-me de ter tido no ano passado que não queria vir a Angola… e o destino ditou que viesse cá parar, por períodos superiores às minhas anteriores saídas de Portugal. Neste caso, qualquer imagem vale por mil palavras. Acima de tudo, penso que é uma experiência enriquecedora a nível pessoal.

Lembro-me da primeira imagem que vi quando a porta do avião abriu depois de ter aterrado em Luanda. A terra alaranjada, ao fundo uma imensidão de casas pré-fabricadas, os
museques, e senti pela primeira vez aquele cheiro, abafado, quente, de Luanda. “Pronto, já cheguei, é mesmo verdade”.
O centro de Luanda é caótico, um rodopio de carros e pessoas, um caos no trânsito. Um aglomerado de jovens, alguns numa tenra idade, tentam, de carro em carro, a sua sorte na venda de qualquer objecto (um dia quiseram-nos vender um mapa da cidade de Luanda, daqueles que mais não são do que um conjunto enorme de publicidade, por 800 Kwanzas, cerca de 8€... papel que é distribuído de borla algures), mesmo os mais impensáveis: conjuntos de ferramentas, berbequins, cabides, mata-moscas eléctricos, vestidos, leitores de DVD, ferros de engomar, tapetes de sala, etc. Nesta confusão de trânsito chego a demorar cerca de 30 minutos para fazer 1 km, do hotel ao escritório. Como eu gostaria de poder ir a pé... Ah, e o engraçado é que na rua onde passo todos os dias para ir trabalhar, ao lado e por baixo de prédios todos sujos e partidos, encontra-se uma muito pouco singela loja da Hugo Boss. Nada mau.

Por outro lado, agora vê-se grandes construções, grandes edifícios, na maioria construídos por empresas portuguesas, o que mostra bem o investimento que se faz nesta cidade. Esta cidade está completamente em obras. Tenho pena é que o povo não sinta nas suas vidas essa evolução... As eleições legislativas são já no próximo dia 5 de Setembro e, tal como em Portugal, várias são as estradas que estão a ser alcatroadas. Mas deve ser apenas coincidência. Na imagem em baixo está um imbondeiro, a árvore mítica angolana.

Assim que as pessoas nas ruas vêem que estamos a tirar fotografias, vêm logo ter connosco a barafustar, desconfiados, especialmente os polícias, que não perdem oportunidade para sacar mais uma
gasosa. Aqui também a corrupção na polícia é enorme.Por alguma razão a maioria das fotos que se podem encontrar na net em blogs sobre Luanda, são tiradas dentro dos carros :)
É uma cidade cheia de contrastes, onde se encontram carros topo de gama nas ruas, a maioria, cheias de buracos. Nem sei como ainda se vêm alguns sem qualquer mossa. E depois há os candongueiros, pessoal que tem uma carrinha pintada de azul e branco que têm lotação para 9 (ou será 19?!!) e cobram cerca de 50 kwanzas para uma viagem… é claro que não há paragens, há sim uma rotina diária, um local onde já se sabe que irá estar um candongueiro que se dirige para certo sítio.

Luanda à noite tem um certo encanto, uma certa magia, confesso, que se desvanece quando me lembro de Lisboa. Mesmo de dia, quando se tem a vista para a baía, Luanda parece outra. Ao sentar-me numa das cadeiras do "Cais de 4", um restaurante muito cool, mesmo por cima da água que banha a baía, aí sim, é como se estivesse uma grande capital mundial de turismo. Tudo tem um preço e este “luxo” custa-nos umas belas dezenas de dólares. Outro local que me encanta é o "Chillout " (dá para matar a curiosidade em –
http://www.chillout-luanda.com, um site com muito nível, construído por uns colegas da minha equipa… e não me pagaram para dizer isto, apesar de estarmos em Angola), com uma noite incrível. Lá dança-se pela noite dentro até com chuva (e sabe mesmo bem!).
Insegurança… bem, eu ligo todos os dias de manhã a TV na RTP África (senão deixo-me dormir), para ver as notícias de Portugal e a primeira coisa que oiço é que ontem houve mais assaltos, mais casos de carjacking, mais tiroteios na Quinta da Fonte, etc. etc.… em Portugal!